1) Definição (didática) + por que vira negócio
Carteiras sistemáticas são mandatos de investimento em que decisões de alocação, rebalance e controle de risco seguem regras predefinidas. Diferente de um fundo, a “embalagem” pode ser uma carteira administrada ou um modelo de carteira aplicado em escala (com governança, suitability e trilha de auditoria).
Por que isso vira unidade de negócio
- Receita recorrente (fee-based): monetiza o serviço de gestão, reduz dependência de “evento” (trade) e melhora previsibilidade.
- Aumento de share-of-wallet: cliente que terceiriza disciplina tende a consolidar patrimônio e reduzir churn.
- Escala via padronização: uma biblioteca de modelos (conservador/moderado/arrojado) pode ser distribuída com governança e medição.
- Qualidade consistente: regras reduzem dispersão entre assessores e evitam “portfolio drift” por decisão ad-hoc.
- Compliance como feature: suitability e limites entram no motor, reduzindo risco de recomendações inadequadas.
Arquitetura do produto (modelo mental)
2) Modelo de receita (como se ganha dinheiro)
| Alavanca | Fórmula | O que move o ponteiro | Risco típico |
|---|---|---|---|
| Fee do serviço (advisory/gestão) | Receita ≈ AUM médio × fee − repasse | Distribuição, conversão, ticket, retenção (churn) | Fee sem entrega percebida (“mais do mesmo”) |
| Upsell / camadas premium | Δ receita ≈ Δ AUM × Δ fee | Overlay, modelos por objetivo, classes adicionais | Complexidade sem governança → reclamação |
| Retenção & share-of-wallet | “Receita recorrente” depende de ficar | Transparência, rotina, relatórios, experiência do assessor | Quebra de confiança em drawdown e “caixa-preta” |
3) Exemplos tangíveis (para conversa com CEO/CFO/Wealth)
4) Unit economics + custos (calculadora completa)
A ideia é estimar receita, custo (fixo/variável) e resultado anual. Isso é sizing: vira meta oficial quando fechar canal, fee, repasses e escopo real de operação.
Receita (inputs)
Custos (inputs)
Resultados (automático)
5) DRE simplificado (fixo vs variável)
Leitura CFO-friendly: “em qual AUM isso paga a operação?” e “o que cresce com volume e com giro?”.
Receitas
| Linha | Valor anual | Observação |
|---|---|---|
| Fee (líquida) | — | Considera repasse/rebate |
| Premium | — | Camadas/upsell |
| Receita total | — | Soma |
Custos
| Linha | Valor anual | Tipo |
|---|---|---|
| Time | — | Fixo |
| Infra (12x) | — | Fixo |
| Dados/vendors | — | Fixo (em degraus) |
| Compliance/auditoria | — | Fixo |
| Outros fixos | — | Fixo |
| Implantação (anualizada) | — | Fixo (temporário) |
| Execução (turnover) | — | Variável |
| Servicing variável | — | Variável |
| Custo total | — | — |
6) Go-to-market por canal (sizing de AUM em 12 meses)
Este bloco serve para tirar o “AUM alvo” do achismo. Você coloca premissas por canal e o total vira um sizing. Ajuste os nomes dos canais conforme a realidade.
| Canal | Leads/mês | Conversão | Ticket médio (R$) | Mês início (1–12) | Churn anual | AUM 12m (estim.) |
|---|---|---|---|---|---|---|
| Assessoria (prateleira) | — | |||||
| Digital (inbound / app) | — | |||||
| B2B2C (parcerias) | — | |||||
| Corporate (benefícios / contas PJ) | — | |||||
| Total AUM estimado em 12 meses | — | |||||
7) Gates (90–180 dias) — go/no-go objetivo
- Tempo de setup: tempo para “colocar um cliente” com governança.
- Taxa de exceções: eventos corporativos, falhas de dados, reversões, ordens rejeitadas.
- Custo do rebalance: bps por rebalance (execução + imposto quando aplicável).
- Drift controlado: % de carteiras fora da banda por tempo excessivo.
- Execução consistente: slippage e fill-rate dentro de limites por classe.
- Retenção: permanência e evolução de AUM (aporte líquido) no piloto.
8) Perguntas do CFO (checklist para reunião)
Isso normalmente bloqueia ou acelera decisão. Se você responder de forma objetiva, destrava tranche.