Business Case

Linha C — Execução algorítmica & Controles

O que é a Linha C (em 30 segundos)

Linha C é a infraestrutura e os modelos que definem como executar ordens com eficiência e segurança: roteamento, slicing, timing, controles pré-trade e intra-trade, e observabilidade. Ela não cria “taxa nova”. Ela melhora margem, estabilidade e conversão com impacto mensurável em bps.

Unidade econômica: Δ(custo/risco) entre executar bem vs. executar mal Forma de prova: baseline → experimento → rollout

Definição (didática)

Valor direto
Reduz slippage/impacto, reduz rejects e incidentes, melhora latência e fill-rate. Isso aparece em resultado real e em menos fricção para produtos e carteiras.
O que é “receita indireta” aqui
O time entrega uma plataforma de execução que melhora margem e experiência. O ROI aparece como economia de bps, menos retrabalho e menos degradação de canal.
Metáfora simples
Execução é como “câmbio com spread”. Você pode não ver uma taxa explícita, mas cada ponto-base economizado em milhares de ordens vira resultado. É atravessar a ponte no fluxo certo em vez de ficar preso no engarrafamento pagando “pedágios invisíveis”.

Por que isso importa (organização)

  • Reduz custo por ordem: menos slippage e menor impacto em fluxos relevantes.
  • Melhora estabilidade: menos incidentes em picos, menos retries, menos degradação de canal.
  • Aumenta conversão: ordens aceitas e executadas com menos fricção.
  • Protege reputação: evita “execuções ruins” visíveis ao cliente.
  • Base para escala: sem execução/controles, crescer volume amplifica custo e risco.
Racional de valor
Linha C é “margem + confiança”. A plataforma executa melhor, o cliente percebe em fill-rate, preço, tempo de execução e ausência de falhas. Isso sustenta crescimento nas Linhas A e B.

O que evita erro de desenho

  • Separar Market Data de Execution: dados/modelagem não podem competir com latência de execução.
  • Processo claro vira estabilidade: mudança controlada, rollback e critérios de produção reduzem incidentes.
  • Provar e endurecer: primeiro gerar valor mensurável, depois automatizar controles e escalar cobertura.
slippage impact fill-rate latência pre-trade risk guardrails

Como medir (sem “achismo”)

Métricas de custo (microestrutura)
Medem eficiência de preço e impacto. São a base do business case.
  • Slippage: diferença entre preço esperado e executado (com baseline fixo).
  • Implementation Shortfall: custo total vs. arriving price / VWAP / mid.
  • Market Impact: impacto marginal do próprio fluxo (crítico em menos liquidez).
  • Adverse selection: perdas por executar “do lado errado” do micro-movimento.
Métricas de funil e estabilidade
Conectam com experiência, risco operacional e conversão.
  • Acceptance rate: % de ordens que passam validação e chegam ao mercado.
  • Fill-rate: % executada, parcial vs total, e tempo para executar.
  • Reject rate: rejeição por regra, por limite, por erro de canal ou por condição de mercado.
  • Latência p95/p99: clique→envio e envio→primeiro fill (quando aplicável).
  • Incidentes: quedas, circuit breakers, backlog e DLQ/quarentena.
Regra de honestidade
Toda métrica precisa de: (1) referência fixa, (2) segmentação por fluxo/ativo/horário, (3) trilha auditável. Sem isso, otimização vira narrativa.

Calculadora de impacto (rascunho para conversa com CFO)

Como usar
Preencha com um recorte (um fluxo/asset class). O objetivo é ter ordem de grandeza, não “número final”. Depois o time valida com baseline e experimento controlado.
Economia por bps (mecânica)
Economia ≈ Notional × (bps / 10.000). Ajuste por cobertura e por repasse.
Onde costuma estar o “ouro”
Segmentos com volume alto, liquidez não trivial, alta taxa de rejects, e picos de latência.
Economia mensal estimada
Economia anual estimada
Economia no horizonte
Nota: isso não inclui impacto indireto (menos incidentes, menos churn, menos reclamação). Use como conversa inicial e substitua por baseline + experimento quando possível.

Arquitetura do domínio (modelo mental)

1) Entrada de Ordem
OMS, canais, estratégia/carteira, validações iniciais.
2) Guardrails (Pré-trade)
Limites, preço, frequência, posição, regras por fluxo.
3) Motor de Execução
Roteamento, slicing, timing, cancela/substitui, controle intra-trade.
4) Market Data (Tempo real)
Livro, trades, volatilidade, eventos, sinais de liquidez.
5) Execução & Pós-trade
Fills, alocação, conciliação, custo, auditoria e relatórios.
6) Observabilidade & Controle
Métricas, alertas, circuit breakers, replay e rastreabilidade.
Trade-off inevitável
Execução sempre é escolha entre preço e risco (não executar / executar tarde / piorar impacto). O diferencial é tornar essa escolha controlável e mensurável.

Componentes-chave (o que precisa existir de verdade)

Motor de execução

  • Slicing: dividir ordens grandes para reduzir impacto.
  • Timing: agredir vs esperar (preço vs risco de não executar).
  • Roteamento: escolher rota/venue (quando aplicável) com critérios explícitos.
  • Adaptação: reagir a spread/vol/volume e mudanças rápidas no book.
  • Cancel/Replace seguro: reprecificar sem tempestade de mensagens.

Controles (guardrails)

  • Pré-trade risk: limites por ativo, carteira, cliente, estratégia e janela.
  • Price bands: proteção contra preços fora do mercado (fat finger, gaps).
  • Rate limiting: limitar bursts para não degradar canal.
  • Circuit breakers: pausa por sinais objetivos (latência/rejects/vol extrema).
  • Kill-switch: acionamento rápido, auditável e com escopo claro.
Princípio de segurança
O sistema deve falhar para “menos risco”. Em dúvida, reduz agressão, reduz frequência ou pausa. Melhor perder oportunidade do que criar incidente.

Gates (90–180 dias) — entregas com impacto mensurável

Gate 1 — Observabilidade + baseline
Antes de “otimizar”, medir. Definir referência, instrumentar e segmentar por fluxo/ativo/horário.
  • Dashboards: slippage, fill-rate, rejects, latência e incidentes por fluxo.
  • Trilha auditável: ordem → validações → decisões → fills → pós-trade.
  • Referências: arriving price / VWAP / mid com regras consistentes.
Gate 2 — Controles + redução de custo
Guardrails + algos simples que melhoram custo sem aumentar risco operacional.
  • Queda de rejects: menos rejeição por regra mal calibrada e menos falhas por canal.
  • Melhora de slippage: redução em bps em segmentos com volume relevante.
  • Estabilidade: menos picos de latência e menos incidentes em janelas críticas.
Gate 3 — Rollout controlado (produção)
Expandir cobertura com controle de risco, mudança e rollback. Evitar “big bang”.
  • Canary: percentual pequeno do fluxo com monitoramento agressivo.
  • Critério de pausa: limites objetivos de latência/rejects/slippage.
  • Relatório mensal: bps economizados, incidentes, exceções e ações.
Gate “anti-mágica”
Se a melhoria só aparece mudando a referência, filtrando casos ruins, ou escondendo custo. O gate falha. O objetivo é impacto real e repetível.
Sucesso = “reduzimos custo em X bps em Y% do volume” + “reduzimos rejects em Z%” + “latência p99 estável” + “trilha auditável e rollback pronto”.

Time mínimo viável e interfaces

Núcleo (execução)
Pequeno e completo. Sem lacunas críticas.
  • Quant/Execution Research: baseline, impacto, heurísticas e validação estatística.
  • Engenharia (baixa latência): motor, roteamento, controles e confiabilidade.
  • Market Data: dados consistentes, performance e SLAs para sinais de execução.
Interfaces (para operar)
Sem isso vira “engenharia sem dono” ou “risco sem execução”.
  • Risco/Compliance: valida guardrails, kill-switch e auditoria.
  • Operações: conciliação, exceções, incident response e pós-trade.
  • Produto/Canais: integra experiência e reduz fricções no funil.

DRE simplificado (placeholder)

Objetivo
Transformar “execução boa” em números: economia estimada vs custos para entregar e operar. Aqui é um modelo simplificado para discussão; o detalhamento vem depois do baseline.
Custos fixos (mensais)
Custos variáveis (mensais)
Custo total mensal (fixo + variável)
Break-even (bps/mês no fluxo da calculadora)
Observação: o break-even usa o volume/cobertura dos campos da Calculadora de impacto.

Go-to-market por canal (interno) — rollout por fluxo

Princípio
Linha C “vende” dentro de casa: ganha cobertura por fluxo, prova bps e reduz incidentes. O canal aqui é o conjunto de fluxos e stakeholders (OMS/canais, mesas, operações, risco).

Mapa de rollout (placeholders)

  • Fluxo 1 (prioridade): [ex.: varejo renda variável] — baseline, canary, rollout.
  • Fluxo 2: [ex.: institucional] — requisitos de latência e controles.
  • Fluxo 3: [ex.: carteiras/robo] — integração com regras e bandas.
  • Fluxo 4: [ex.: derivativos] — particularidades e risco de book.
Escolha 1 fluxo com volume e dor clara para provar valor rápido.

Artefatos por fluxo (entregáveis)

  • Baseline publicado: referência, segmentação e dashboards.
  • Guardrails acordados: limites, bands, circuit breakers e kill-switch.
  • Plano de mudança: canary, rollback, oncall, runbook.
  • Relatório mensal: bps economizados + estabilidade + exceções.

Perguntas do CFO (checklist para reunião)

Objetivo
Evitar conversa abstrata. A reunião termina com: baseline, escopo do piloto, critério de sucesso e gates.
  • Qual é o fluxo piloto?
    Ativo/canal/horário e por quê.
  • Qual é o baseline?
    Referência (VWAP/mid/arriving), segmentação e janela.
  • Quanto bps de melhora é realista?
    Com evidência histórica e sem esconder custo.
  • Como a economia vira resultado?
    Repasse, margem, redução de incidentes, conversão.
  • Qual é o custo total e o break-even?
    Time + infra + dados + controles. Break-even em bps.
  • Quais são os critérios de pausa (kill-switch)?
    Sinais objetivos: latência/rejects/slippage/extremos.
  • Qual é o plano de rollout?
    Canary, expansão, governança e reporte mensal.

Estrutura e governança (Linha C)

Governança como produto
Sem governança, execução vira risco operacional e reputacional. O time define gates, evidência e trilha auditável desde o início. O objetivo é operar com decisões explicáveis e reversíveis.

Guardrails (o que fica explícito)

  • Model Risk: versionamento, aprovação, validação, expiração e rollback.
  • Limites: exposição, perdas, liquidez, concentração e frequência.
  • Controles de execução: bands, rate limiting, circuit breakers e kill-switch.
  • Reprodutibilidade: dados, código e parâmetros com trilha e replay quando possível.
  • Acesso: quem pode promover, operar e pausar (com logs).

Quem aprova o quê

  • Produto/Canais: prioridades de fluxo, fricções e métricas de sucesso.
  • Risco: limites, stress, critérios de pausa e kill-switch.
  • Compliance: registros, obrigações e trilha auditável.
  • Engenharia: SLOs, observabilidade, plano de rollback e readiness.
  • Operações: conciliação, rotinas, exceções e incident response.
Princípio
Governança acelera quando deixa claro o fluxo de decisão. Regras simples, poucas exceções e gates objetivos.

Trilha de decisão (auditável)

1) Baseline definido e publicado (referência + segmentação). 2) Mudança documentada (o que muda, por quê, e risco). 3) Experimento controlado / canary com métricas e alarmes. 4) Plano de rollback e critérios de pausa aprovados. 5) Runbook + oncall + conciliação e pós-trade alinhados. 6) Aprovação final (Produto + Risco + Compliance, conforme aplicável).

Cadência (disciplina)

  • Revisão semanal: exceções, slippage, rejects, latência e incidentes.
  • Release gates: mudanças relevantes só entram com plano e evidência.
  • Post-mortem: incidente gera ação e aprendizado. Não gera culpado.
  • Revalidação: regras expiram se não forem revisadas.
Anti-padrão
“Mudança rápida sem trilha” vira dívida operacional. Evitar deploy sem medição, rollback e responsáveis.
Ideia
Hipótese e motivação econômica.
Evidência
Baseline + experimento + custo real.
Operação
Canary + conciliação + observabilidade.
Risco
Limites + pausa + kill-switch.
Produção
Execução + SLOs + incident response.
Escala
Expandir cobertura por fluxo com o mesmo playbook.
model risk change management limits kill switch observabilidade incident response audit trail
Linha C (Execução) = eficiência + controle. Não vende taxa explícita, mas produz resultado mensurável em bps, estabilidade e conversão. Começa com baseline e observabilidade, entrega guardrails e algos simples, e escala com governança e kill-switch.